Por Arnaldo Jardim*
A evolução do Fórum Nacional Sucroenergético para a agora Bioenergia Brasil é representativa das décadas de conquistas positivas dos biocombustíveis em nosso país, que por isso, hoje detém nítida vantagem competitiva na transição energética em pleno andamento.
Desde a criação do Proálcool, nos anos 1970, o setor de biocombustíveis vem se desenvolvendo continuamente, produzindo substituto aos combustíveis fósseis e aumentando, cada vez mais, sua participação na matriz energética brasileira – atualmente, quase 18% de toda a energia consumida no Brasil é gerada a partir da biomassa.
O nosso etanol, por exemplo, desdobrou-se em conquistas tecnológicas como o carro flex-fuel e o híbrido-flex e se consolidou como a melhor alternativa sustentável do mundo para a descarbonização do setor de transporte no segmento de veículos leves. Estamos desenvolvendo, também, as células a combustível, que poderão utilizar o biocombustível como fonte do hidrogênio (H2), fazendo ainda melhor uso de toda uma rede de produção e distribuição de biocombustíveis já existente no país.
O parque industrial se diversificou com a produção de bioeletricidade, gerada a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. A energia produzida nas usinas sucroenergéticas, além de suprir o consumo de eletricidade no processo industrial, é comercializada junto às distribuidoras locais de energia elétrica, contribuindo com energia limpa para reduzir a dependência das termoelétricas a carvão e a óleo combustível.
O etanol nos permitiu ainda avançar na produção de biogás e biometano, gases produzidos a partir da biodigestão de resíduos orgânicos. Como um dos maiores produtores de biomassa do mundo, podemos produzir gás suficiente para suprir cerca de 30% da demanda de energia elétrica do país, ou ainda substituir até 70% de todo o nosso consumo de óleo diesel. Pensando em fomentar esta produção, apresentei o Projeto de Lei nº 3865/2021, que cria o Programa de Incentivo ao Aproveitamento de Biogás e de Biometano e de Coprodutos Associados.
A cana que era apenas do açúcar passou a ser do açúcar e do etanol. Depois veio a bioeletricidade e agora temos o biogás e o biometano. Daqui a pouco será também fonte de hidrogênio, o vetor energético do futuro. A tradicional usina de cana se transformou em uma verdadeira biorrefinaria, cujos produtos contribuirão nesse esforço do Brasil de cumprir as metas assumidas em acordos internacionais do clima.
Tudo isso foi possível graças ao trabalho de entidades como o Fórum Nacional Sucroenergético – FNS, que agora evolui para um novo nome, marca e atuação ainda mais representativos no plano nacional, a Bioenergia Brasil. É um passo fundamental para dar continuidade ao trabalho na defesa dos produtores de açúcar, etanol e bioeletricidade, bem como no apoio a políticas públicas para o crescimento sustentável do setor.
Destacamos ainda a atuação da agora Bioenergia Brasil na modernização do parque industrial sucroenergético, com a incorporação do conceito de bioenergia e biorrefinaria, e na ampliação do setor, com a implementação da Política Nacional de Biocombustíveis – o RenovaBio. Seu trabalho continuará sendo decisivo para um dos principais segmentos do agro nacional.
Os CBio’s – a moeda verde do Renovabio, associadas a estratégias mais gerais como o Pagamento por Serviços Ambientais e a recuperação de áreas degradadas, são instrumentos que ajudarão o Brasil a promover de forma decisiva a transição energética, para uma economia em bases mais sustentáveis. Tudo isso traz um horizonte extremamente positivo para a bioenergia.
O Brasil, com tantas vantagens competitivas neste setor, pode ser protagonista da nova economia, da economia de baixo carbono.
*Arnaldo Jardim, deputado federal (CIDADANIA-SP) em seu quinto mandato, é também vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).