Mr. Bean aderiu ao
carro elétrico e se
sente ‘enganado’

Rowan Atkinson e sua McLaren F1, vendida quando o ator aderiu a carros eletrificados

O ator britânico Rowan Atkinson é conhecido mundialmente como Mr. Bean, mas poucos sabem que o famoso comediante também é um renomado autor, colunista de um dos principais diários de Londres – o ‘The Guardian’, e na vida pessoal, fanático por carros. Na última coluna publicada por Atkinson, uma espécie de desabafo, o ex-dono de um poderoso superesportivo McLaren F1 afirma que se sente enganado após adquirir dois carros elétricos.

“Adoro veículos elétricos, e fui um dos que os adotou desde cedo. Mas cada vez mais, me sinto enganado. Lamentavelmente, manter seu velho automóvel a combustão pode ser melhor do que comprar um elétrico e há sólidos motivos ambientais para ainda não dar esse salto”, afirma Atkinson na coluna, que viralizou nas redes sociais.

O astro da série de filmes do confuso agente ‘Johnny English’ conta que sempre foi apaixonado por automóveis e que antes de partir para o cinema e a televisão, se formou em engenharia elétrica e eletrônica com mestrado em sistemas de controle, o que gerou interesse pelos elétricos de forma natural. Ele comprou o primeiro híbrido em 2005, o primeiro elétrico em 2014 e afirma que gostou muito dos dois veículos, apesar da infraestrutura carente para recarregar elétricos na Inglaterra.

“Carros elétricos são um pouco sem alma, mas são mecanismos maravilhosos. Rápidos, silenciosos e até recentemente, baratos para se utilizar. Mas ao me aprofundar mais sobre os fatos, me sinto um pouco enganado pois a mobilidade elétrica não parece ser a panaceia que se promoveu”, escreve Atkinson.

Ele cita um estudo da Volvo divulgado em 2021, mostrando que ao sair da fábrica, um carro elétrico chega ao mercado com emissões de gases causadores do efeito estufa 70% maiores do que os emitidos na fabricação de um automóvel convencional. Segundo Atkinson, não se pode avaliar os elétricos apenas pelas emissões no cano de escape, que nesses veículos é zero.

“Quando se examina o quadro todo, incluindo a fabricação do veículo, a situação é muito diferente. O principal problema está nas baterias de lítio (lithium-ion em inglês), absurdamente pesadas, produzidas com diversos metais raros e enormes quantidades de energia, com vida útil estimada em cerca de 10 anos. Parece uma escolha perversa para liderar a batalha do automóvel contra a crise climática,” escreve Atkinson.

O ator afirma que o problema com os carros com motor a combustão é o combustível e nesse contexto, exalta esforços da montadora alemã de esportivos de luxo Porsche, que está desenvolvendo combustíveis sintéticos e de baixa emissão. Ele também elogia a principal categoria do automobilismo mundial, a Fórmula 1, que promete adotar um combustível sintético a partir de 2026.

A conclusão de Rowan Atkinson: “Cada vez mais, estou sentindo que nossa lua de mel com veículos elétricos está chegando ao fim, e isso não é de todo ruim. Estamos percebendo que há um leque mais amplo de opções que precisam ser examinadas, se vamos enfrentar adequadamente o sério problema ambiental criado por nossa utilização de automóveis.”

Ele encerra recomendando o desenvolvimento do hidrogênio como alternativa veicular, e insiste nos combustíveis sintéticos, que preservariam veículos convencionais e ajudariam a promover um modelo de negócios diferente para a indústria automotiva. Para Atkinson, seria interessante preservar veículos por mais tempo, com trocas menos frequentes, reconhecendo a tão pouco citada qualidade dos automóveis mais novos. Aos amigos que sabem da paixão por automóveis que ele mantém e perguntam se devem adquirir um carro elétrico, ele recomenda: “Se o seu carro é um velho diesel e você dirige muito ao centro da cidade, vale considerar uma troca. Mas se não é esse o caso, segure por mais um tempo. A propulsão elétrica vai ser um benefício ambiental real e global um dia, mas esse dia ainda não chegou.”

Para ler a matéria completa em inglês publicada no jornal britânico ‘The Guardian’, clique aqui.