Em entrevista, Campos Filho, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, afirma que usineiros precisam encontrar uma forma de “conviver” com a evolução tecnológica
Epbr
Hanrrikson de Andrade
BRASÍLIA — A indústria brasileira de etanol está atenta à tendência global de eletrificação no setor automobilístico e, em um movimento de antecipação, quer fazer da ameaça de mercado uma oportunidade para consolidar o papel socioambiental do biocombustível.
A afirmação é do líder do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), Mário Campos Filho, que conversou sobre o tema com o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), em reunião na última terça-feira (24/1), em Brasília.
De olho na “sobrevivência” em meio às novas tecnologias de transição energética, o presidente do fórum acredita que, se a indústria de combustíveis no Brasil não se integrar ao que ele chama de “tendência mundial”, “etanol e gasolina morrem abraçados juntos”.
“Essa tendência [da eletrificação] pode ir para vários lados. Externamos isso para vários interlocutores. Pode ir para o lado da eletrificação com bateria, e aí não tem o que se falar de combustível limpo”, disse em entrevista à agência epbr.
A eletrificação é uma aposta global, sobretudo em países da Europa, nos Estados Unidos e na China, para descarbonizar o setor de transportes.
No Brasil, a tendência é que esse processo ocorra de forma mais lenta. Por aqui, a sinalização do último governo foi de que a solução teria que passar pelos biocombustíveis.
Para Campos Filho, os usineiros precisam encontrar uma forma de “conviver” com a evolução tecnológica.
“A tendência da eletrificação, que traz consigo o conceito de descarbonização da matriz veicular, pode ser também com combustíveis menos emissores de gases efeito estufa. Mais verdes”.
Nesse sentido, ele vê tanto o etanol quanto a gasolina como possibilidades, já que o derivado de petróleo vendido nos postos tem, obrigatoriamente, 27% do renovável.